A violência contra negros no nosso país nunca foi novidade. Infelizmente, é um duro e recorrente cotidiano. Acompanhe mais essa constatação feita pelo conselheiro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e coordenador do Coletivo de Entidades Negras – CEN, Marcos Rezende:
- Lembro que, ainda ontem, dentro de uma loja de conveniências, encontrei dois policiais civis, um homem e uma mulher que estavam sendo chamados para atender a mais um caso de homicídio em Salvador, desta feita no bairro de Fazenda Grande, e, assustado, ele dizia: de novo, já é o quarto esta noite. E em face da minha indagação sobre a idade, cor e sexo das vítimas, ele respondeu: 'geralmente negro de periferia, entre 16 e 25 anos e com baixa escolaridade'.
E o conselheiro continua... "Pronto, para mim, já estava desvendado o mistério que todos nós já conhecemos. Se depender do Estado, não existe lei na periferia".
- Daí, questiono qual a função do Estado? E que Estado é este? Nós, negros da periferia, estamos à mercê destes criminosos, e diante de maus policiais e à jornada tripla que muitos deles fazem por conta do baixo salário, ficamos a assistir ao macabro espetáculo de integrantes da polícia que agem de forma sumária e instalam tribunais de execução com o objetivo de atender à sanha dos seus chefes (empresários de pequeno e médio portes das periferias), que deixariam Adolf Hitler de cabelo em pé. Ao invés de garantir a vida e a dignidade humana, o "nosso" Estado e as "nossas" corporações policiais têm trabalhado para garantir o patrimônio - provoca.
E arremata. "Estão exterminando os jovens negros do meu país!".
Este caso relatado por Marcos Rezende, do CEN, foi publicado no jornal A Tarde, da capital baiana, no dia 4 de setembro, na coluna Tempo Presente.
Os meios de comunicação precisam mesmo fazer parte da luta efetiva contra essa corrente que tenta a todo custo esmagar alguns grupos sociais, como os negros, as mulheres e os (as) jovens. Quando isto ocorre precisamos dar visibilidade.
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